giovedì, marzo 02, 2006

Pagã

Como a Kopany consideram-me pagã porque não aturo o poder dos papas, são eles que clamam onde a nação defende a sua independência. Consideram-me pagã porque me oponho aos meus opositores.

Não crêem em nós...

Mas que existimos, existimos!

Não nos entendem, queimam-nos vivas, chamam-nos imorais, sedutoras, destruidoras (normalmente de lares. Mas lares não se destroem se forem sólidos).

Temem-nos, principalmente porque somos livres, falamos do coração e não tememos retaliação.

Temem-nos e crêm-nos perversas e invejosas.

Mas na realidade não nos apreciam porque fazemos o espelho do que na realidade são. Obrigamo-los a confrontarem-se com a hipocrisia de uma existência vil, baixa, sem graça e sem prazer. Causamos inveja por não sucumbir a essa monotonia social e colocarmos o nosso prazer e satisfação acima de tudo.

E amamos, sabemos amar como ninguém. Incondicional e sofridamente. Mas amamos porque temos a liberdade de o fazer, mas acima de tudo não o tememos fazer.

Que é entre nós pérfidas? Sem dúvida. Que muitas somos calculistas? Absolutamente. Que frequentemente nos desapaixonamos e reapaixonamos sem razão aparente.

Mas a única razão que nos interessa é o nosso coração e o que consideramos ser a nossa felicidade.

E se homens e mulheres se perdem por nós é porque oferecemos um espaço de liberdade e verdade que todos nós procuramos, mas que poucos têm coragem de lutar por ele.

Existimos e continuaremos cá... cantaremos e encantaremos, seduziremos e destruiremos. E na nossa seremos sempre mais felizes do que aqueles que sucumbem à aparência da 'normalidade'. Porque a norma é um tédio mortal. E é o que vicia e perverte os corações presos.

Somos (adivinhou) as bruxas!

Tenham medo, tenham muito medo, principalmente se não nos souberem amar.

Imemorável (a propósito do terramoto)

"It felt like you were in a boat, it was shaking everything yet, it's strange, nothing is broken, even the windows." Joana Neves, gerente Hotel Tivoli - Beira para o Associated Press

É imemorável porque qualquer acontecimento desta natureza o é. É imemorável porque me lembro de ter pensado que uma mulher deve de facto viver para experienciar um pouco de tudo ao menos uma vez na vida. É imemorável porque a minha irmã fez 3 anos nesse dia e a sua vida assemelha-se ao sismo, tem grande escala mas não eclode na sua plenitude. É imemorável porque logo antes da terra tremer tive quem me tremesse nos braços, de prazer. É imemorável porque foi fascinante ver o mundo desfocado e em desequilibrio, e por momentos não saber o que se estava a passar, e de repente a clareza do que poderia ser.

Imemorável e fascinante... tivesse havido outro desfecho teriam sido outras as sensações.